As pimentas do gênero Capsicum (malagueta,
dedo de moça, de cheiro, pimentões, etc...) são originárias das Américas.
Mas antes de explicar sua origem dos
frutos vamos iniciar por uma curiosidade explicando o termo Capsicum.
Trata-se de uma palavra que se
originou do grego kapto, que
significa morder, picar, sendo associado à pungência ou ardência da pimenta (teor
de calor) que é provocado por uma substância chamada capsaicina. Quanto mais
capsaicina mais ardida é a pimenta.
Os registros mais antigos de pimentas
datam de aproximadamente 9 mil anos e são resultados de explorações
arqueológicas em Tehuacán, no México. Supõe-se que o México e o Norte da
América Central sejam os pontos de origem da espécie Capsicum Anuum (pimentões, jalapeñas, etc...) e a América do Sul
seja a região originária da espécie
Capsicum Frutescens (malagueta, tabasco, thai).
Durante muitos séculos este tipo de
pimenta ficou restrito às três Américas.
No Velho Mundo e no
Oriente predominava a pimenta-preta (Piper nigrum), também conhecida como pimenta-redonda ou pimenta-do-reino.
Ela é de outro tipo
completamente diferente da Capsicum, sendo uma das mais antigas especiarias conhecidas. Os seus grãos, secos e moídos, são muito
usados na culinária de diversos países.
Tem um
sabor forte, levemente picante, proveniente de um composto químico chamado piperina. Por essa razão foi utilizada
desde a Idade Média para disfarçar o sabor dos alimentos em via de decomposição.
Naquela época o
comércio da pimenta-do-reino era bastante ativo no subcontinente indiano, de onde era trazido por
mercadores muçulmanos para o Ocidente, onde era
distribuída por genoveses e venezianos.
Historicamente o seu valor chegava a ser tão alto que ela
foi utilizada como moeda: conta-se que Alarico I, o Visigodo exigiu de Roma um resgaste de ouro, prata e pimenta.
A busca por essa
especiaria, utilizada e valorizada desde tempos imemoriais, foi uma das
principais causas da expansão – e apogeu – do império português no Oriente.
Um quintal de grãos de pimenta (60 kg) chegou a valer,
à época, 52 gramas de ouro.
O primeiro europeu a levar as pimentas
do tipo Capsicum para a Europa foi o explorador genovense Cristóvão Colombo
(1451-1506) que tinha como uma de suas funções ao desbravar o Novo Mundo,
encontrar além de tesouros e riquezas naturais, novos temperos, novas
especiarias.
O historiador italiano Pedro Mártir (1457-1526) deixou escrito em
1493: “Colombo trouxe para casa pimentas mais picantes do que aquelas
originárias do Cáucaso”.
Isso aconteceu logo na sua primeira
jornada às Américas. Acreditando ter alcançado as Índias, Cristóvão Colombo nomeou
os pequenos frutos vermelhos de "pimenta" devido a sua semelhança em
sabor (não aparência) às pimentas do reino, mundialmente
conhecidas na época e provenientes daquela região.
Depois disso, as pimentas do tipo
Capsicum ganharam o mundo.
As rotas de navegação que se firmaram após o século
XV propiciaram que elas se propagassem com muita velocidade pela Ásia, Oriente
e África.
Atualmente, além do grande consumo nos países da América como o
México, EUA e Brasil, elas são largamente consumidas em países como China, Índia,
Egito, Paquistão e Coreia do Sul.